O
poder de transformação da Internet das Coisas
Se há
cinco anos, falar de Internet das Coisas (IoT) soava, para muitos, como apenas
um assunto “futurista” ou um fenômeno restrito – na melhor das hipóteses – a
áreas muito específicas, a realidade tem mostrado rapidamente que se trata de
uma tendência de primeira ordem e que está em fase de consolidação
total.
A IoT é uma realidade que o Gartner
classifica como uma das dez tendências estratégicas mais importantes para 2015,
destacando que as organizações devem começar agora a analisar essas soluções e
interiorizar seu potencial. A IoT já não é uma tendência para o futuro porque as
empresas e seus setores de TI devem, desde já, se capacitar e começar a preparar
sua infraestrutura para capitalizar todo o potencial que ela fornece em curto
prazo.
Segundo dados do Gartner, neste ano
haverá mais de 4.900 milhões de coisas conectadas à internet, o que representa
um aumento de 30% em relação a 2014 e se estima que em cinco anos haverá 25
bilhões de coisas conectadas. Isso indica algo relevante e que, segundo a
consultoria, impulsiona serviços e tecnologias que já alcançam 69.500 milhões de
dólares em nível global.
Mais coisas do que pessoas
conectadas
Um dos elementos conceituais mais
marcantes da IoT é que ela não apenas permite que os dados gerados por
microchips embutidos em objetos e artefatos conectados à rede terminem por
otimizar trabalhos desenvolvidos por pessoas, mas também acaba fazendo com que a
intervenção humana seja dispensada, já que as máquinas “dialogam” entre
si.
O fator comum associado, por décadas e
até agora, aos computadores e à própria internet tem sido sempre o ser humano,
já que a informação e o tráfego presentes na rede dependiam das pessoas. A IoT,
no entanto, vem nos dizer que agora um crescente volume de dados está fluindo
pela internet, e que comunica máquinas com máquinas.
Assim, um conceito próximo da IoT é o
de “M2M” (Machine to Machine), que se refere aos dispositivos e sensores
presentes em todo o tipo de máquina, objeto e artefato que estarão
permanentemente em atividade. Há algum tempo, conhecemos eletrodomésticos
conectados à internet para enviar informações, mas agora estamos falando de
coisas e máquinas com dispositivos que, por assim dizer, “encapsulam”
conhecimento e transmitem dados para outras máquinas sem intervenção humana,
desencadeando também ações automáticas.
A transformação dos
negócios
A automação de tarefas, que até agora
exigia pessoas, será um dos aspectos mais visíveis da IoT. O controle de
trânsito, a segurança pública, o consumo de serviços básicos, entre muitas
outras atividades que hoje estão a cargo quase que exclusivamente de pessoas,
terão a colaboração de máquinas que analisarão dados e tomarão decisões por si
mesmas, terão sistemas redundantes, incluindo de energia, que permitirão operar
24h por dia.
Isso abrirá caminho para as “cidades
inteligentes”, expressão da digitalização total, onde os meios de transporte
público, o fluxo de tráfego, o uso de energia e outras atividades serão muito
mais eficientes. Isso também será visto no interior dos lares e, certamente, nas
empresas, onde haverá melhor serviço ao cliente, processos de negócio otimizados
ao máximo, menos incerteza na tomada de decisões e maior produtividade. Mesmo em
áreas agrícolas, será visto o impacto destes dispositivos que poderão
automatizar cada dia mais tarefas.
Os gerentes e CIOs das empresas devem
entender hoje que a digitalização será total em um prazo muito curto. Este
crescimento exponencial de sensores e dispositivos trará desafios do ponto de
vista técnico, ou seja, para armazenar, processar e analisar um alto volume de
dados, assim como novas preocupações para evitar perdas ou roubos de informação.
Neste sentido, os serviços com base na nuvem serão cada vez mais importantes e
solicitados, já que dão às organizações uma maior agilidade para
responder.
A segurança deverá ter um novo enfoque
estratégico, onde se equilibrem os riscos e onde, por exemplo, haja um vínculo
mais próximo entre a proteção de dados tradicional, com a segurança física e
operacional de sistemas e dispositivos.
No entanto, pensar apenas nos desafios
de TI, ao falar do poder da IoT, é minimizar sua importância e não compreender a
capacidade total de transformação que tem e terá. Aqueles que não agirem a
tempo, não tenham hoje uma estratégia para a IoT, ou a vejam apenas como um
assunto de centros de dados, eventualmente não só não verão plenamente seus
benefícios, mas também irão expor suas organizações a fortes baixas de nível de
competitividade, já que, sem dúvida, surgirão novos modelos de negócio a partir
deste conjunto de tecnologias.
A grande transformação que
impulsionará a IoT não deve se restringir a questões relacionadas apenas aos
benefícios da digitalização, mas também ao encontro de novas propostas de valor
para o negócio. Os gerentes devem estar atentos a esta tendência, se preparar e
antecipar as mudanças que deverão adotar para enfrentar um cenário onde quem
capitalizar mais rápido os benefícios da informação será o mais
bem-sucedido.
*David Iaccobucci é Gerente
Comercial da Level 3 Communications, no Chile.
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