terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Estudo aponta municípios de São Paulo que mais regeneraram a Mata Atlântica

Valparaíso, Castilho e Quatá foram as cidades que mais recuperaram a floresta em 30 anos, segundo levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica e INPE
                                                                                                                     
           A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgam nesta terça-feira (7/2), uma avaliação detalhada sobre a regeneração da Mata Atlântica no estado de São Paulo. O Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, que monitora a distribuição espacial do bioma, identificou a regeneração de 23.021 hectares (ha), ou o equivalente a 230,21 km2, entre 1985 e 2015. A área é maior que a das cidades de Santo André e São Caetano juntas.

Segundo os dados do Atlas, Valparaíso foi o município que apresentou mais áreas regeneradas no período avaliado, num total de 754 ha, seguido da cidade de Castilho (735 ha), Quatá (676 ha), Catanduva (671 ha) e Teodoro Sampaio (601 ha).

Confira na tabela abaixo a regeneração ocorrida nos municípios:

UF
Município
Área Município (ha)
Área Município na Lei MA (ha)
% Município na Lei MA
Regeneração 1985 a 2015 (ha)
SP
Valparaíso
       85.751
         85.751
100,0%
             754
SP
Castilho
     106.580
       106.580
100,0%
             735
SP
Quatá
       65.037
         56.220
86,4%
             676
SP
Catanduva
       29.060
         27.835
95,8%
             671
SP
Teodoro Sampaio
     155.599
       155.599
100,0%
             601
SP
Itapirapuã Paulista
       40.648
         40.648
100,0%
             534
SP
Presidente Bernardes
       74.896
         74.896
100,0%
             490
SP
Novo Horizonte
       93.167
         89.040
95,6%
             451
SP
Lutécia
       47.492
         26.067
54,9%
             436
SP
Iperó
       17.028
         17.028
100,0%
413

O estudo analisa principalmente a regeneração sobre formações florestais que se apresentam em estágio inicial de vegetação nativa, ou áreas utilizadas anteriormente para pastagem e que hoje estão em estágio avançado de regeneração. Tal processo se deve tanto a causas naturais, quanto induzidas por meio do plantio de mudas de árvores nativas.

A Mata Atlântica cobria originalmente 69% da área de São Paulo, ou seja, um pouco mais de 17,07 milhões de hectares. Hoje, restam apenas 2.334.876 milhões de hectares do bioma – 13,7% desse total. De acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais, nos últimos 30 anos foram desmatados 183.133 mil hectares de Mata Atlântica no estado. Dos 645 municípios paulistas, 574 têm ocorrência da Mata Atlântica. 

O Estado de São Paulo tem seis municípios na lista do 100 que mais desmataram entre 1985 e 2015, de acordo com o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica. A área total desmatada por eles é de 33.719 mil hectares, ou cerca de 337 quilômetros quadrados, o que corresponde ao espaço do Município de Ilhabela. Em contrapartida, desde 2013, São Paulo está na lista dos estados com nível de desmatamento zero (menos de 100 hectares de desflorestamento), com 45 ha na última edição, que avaliou o período de 2014-2015.

"Além de permanecer no nível zero de desmatamento, o desafio do estado é ampliar o processo de regeneração florestal. Por conta disso, é extremamente importante uma ação conjunta envolvendo poder público, iniciativa privada e sociedade", afirma a diretora-executiva da SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota.

Bons ventos na Mata Atlântica

Nos últimos 30 anos, houve uma redução de 83% do desmatamento do bioma. De acordo com Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, sete dos 17 estados da Mata Atlântica já apresentam nível de desmatamento zero. “Embora o levantamento atual não assinale as causas da regeneração, ou seja, se ocorreu de forma natural ou se decorre de iniciativas de restauração florestal, é um bom indicativo de que estamos no caminho certo”, afirma Marcia.

Ao longo da história, a ONG foi responsável pelo plantio de 36 milhões de mudas de árvores nativas espalhadas pelo país, especialmente nas áreas de preservação permanente, no entorno de nascentes e margens de rios produtores de água.  A Fundação SOS Mata Atlântica também restaurou uma área em Itu, uma antiga fazenda de café, que hoje é destinada para atividades relacionadas à conservação dos recursos naturais, restauração florestal e educação ambiental.

“Durante o monitoramento, constatou-se a existência de outras áreas ocupadas por comunidades de porte florestal em diversos estágios intermediários de regeneração, áreas essas que devem ser mapeadas e divulgadas em futuros estudos”, esclare Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE.

Este estudo foi realizado com o patrocínio de Bradesco Cartões e execução técnica da empresa de geotecnologia Arcplan. A análise se baseia em imagens geradas pelo sensor OLI a bordo do satélite Landsat 8. O Atlas utiliza a tecnologia de sensoriamento remoto e de geoprocessamento para monitorar remanescentes florestais acima de 3 ha.


Sobre a Mata Atlântica
A Mata Atlântica está distribuída ao longo da costa atlântica do país, atingindo áreas da Argentina e do Paraguai nas regiões Sudeste e Sul. De acordo com o Mapa da Área de Aplicação da Lei nº 11.428, a Mata Atlântica abrangia originalmente 1.309.736 km2 no território brasileiro. Seus limites originais contemplavam áreas em 17 estados: PI, CE, RN, PE, PB, SE, AL, BA, ES, MG, GO, RJ, MS, SP, PR, SC e RS. Nessa extensa área vivem atualmente mais de 72% da população brasileira.

Sobre a Fundação SOS Mata Atlântica
A Fundação SOS Mata Atlântica atua há 30 anos na proteção dessa que é a floresta mais ameaçada do país. A ONG realiza diversos projetos nas áreas de monitoramento e restauração da Mata Atlântica, proteção do mar e da costa, políticas públicas e melhorias das leis ambientais, educação ambiental, campanhas sobre o meio ambiente, apoio a reservas e unidades de conservação, dentre outros. Todas essas ações contribuem para a qualidade de vida, já que vivem na Mata Atlântica mais de 72% da população brasileira. Os projetos e campanhas da ONG dependem da ajuda de pessoas e empresas para continuar a existir. Saiba como você pode ajudar emwww.sosma.org.br.

Sobre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) atua nas áreas de Observação da Terra, Meteorologia e Mudanças Climáticas, Ciências Espaciais e Atmosféricas e Engenharia Espacial. Possui laboratórios de Computação Aplicada, Combustão e Propulsão, Física de Materiais e Física de Plasmas. Presta serviços operacionais de monitoramento florestal, previsão do tempo e clima, rastreio e controle de satélites, medidas de queimadas, raios e poluição do ar.

O INPE aposta na construção de satélites para produção de dados sobre o planeta Terra, e no desenvolvimento de pesquisas para transformar estes dados em conhecimento, produtos e serviços para a sociedade brasileira e para o mundo. Também se dedica à distribuição de imagens meteorológicas e de sensoriamento remoto, e à realização de testes e ensaios industriais de alta qualidade. Além disso, o Instituto transfere tecnologia, fomentando a capacitação da indústria espacial brasileira e o desenvolvimento de um setor nacional de prestação de serviços especializados no campo espacial. Mais informações em www.inpe.br.

Fundação SOS Mata Atlântica